segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O presente de Jorge



Era véspera de Natal. Chegou mais cedo ao expediente, acomodou sua bolsa, sentou e recebeu os que já estavam com a sua simpatia costumeira. Cafezinho. Esperou todos chegarem. Quando chegaram, fitou-os de cima abaixo, seus olhos já não eram os mesmos, algo fervia, fritava, levantou, caminhou lentamente, empurrou uma mesa redonda que lá se encontrava até se sentir acomodado, até então não  fizera nada demais, abriu a fivela e abaixou o zíper. Nesse momento todos riram e um falou:
-Ai! Ai! Jorge! Você sempre brincalhão. Você é demais mesmo. O que seria deste setor sem você?
Jorge esboçou um sorriso seco e sutil carregado de certo desdém, arriou a calça, logo em seguida a cueca e agachou... Silêncio, mistério, pavor, entreolhares, silêncio, um estampido alto e desafiador como o de uma bereta louca seguido de um quique sobre os calcanhares e pulinhos de pavor nas cadeiras expectadoras. Entreolhares,  ecoou:
-Fedooor, que fedor... 
Uma voz sem  graça, sem energia e sem esperança sussurrou:
- Ele cagou! Fez coco...
Nosso herói, sempre muito educado, pediu licença e esticou a mão até a mesa do amigo de setor, capturou algumas folhas não importando-se com o conteúdo nem sua origem e com um sorriso maroto no canto da boca pensou:
-Bom... Esse aqui já está carimbado. É só encaminhar para a Direção.
Recompôs-se, pegou sua bolsa lentamente, caminhou até a porta e retumbantemente  só como um grande herói faria, bradou:
 - Feliz Natal a todos!
Nascia uma lenda que fora ouvida não só em todas as repartições públicas do estado do Rio de Janeiro como também em vários outros estados. E como sabemos, todo grande herói tem que ter um pseudônimo a altura de seus poderes e ele teve o dele: JORGE CÚ DE GUIZO. Dizem, até hoje, que quando se ouve os chocalhos de guizos é ele se aproximando para deixar seu presente.



Texto: laerte Heredia
Revisão: Eduardo Martins

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Fechando 2010 com chave de ouro. Término do projeto do Grupo Com Vida e Ministério da Saúde

 
Últimas duas que faltavam
para  completar o projeto.
Agora é curtir, só curtir daquele jeito as findas festas de ano, dando uma dedada no velho Noel e pulando 7 ondas dia 31.
continua...





quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Um adendo


Cinco ou seis anos atrás desenhava eu essa charge para o Salão Carioca de Humor, relatando uma situação parecida como a que aconteceu a poucos dias aqui na cidade pus (secreção de cor amarelada, ou amarelo-esverdeada, frequentemente mal-cheirosa, produzida em consequência de um processo de infecção bacteriana.) a duas semanas escrevia a crónica abaixo. Daqui a mais cinco ...e agora José? daqui a mais cinco anos...?

Rebimboca da parafuseta

 

Industria automobilística faz mega recall para troca de radiadores que estão superaquecendo e causando incêndios repentinos em carros e ônibus no Rio de Janeiro. O Governador Sérgio Malandro afirma que o problema é causado pela rebimboca da parafuseta que ñ foi botada onde deveria. Seu Beltrano secretário de cinto de seguranÇa diz que ñ vai re cú ar enquanto todas a rebimbocas forem botadas com jeito. Salsifufu!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

salve?


Apareceu rápido. Tão rápido foi enviado ao subúrbio de  Vila Isabel. Calor digno de Dant Alighueri. Martins urinado em um misto de medo e excitão, sugeriu que tal imagem fosse um exú voador de um negro zamzibarista oriundo de colônias portuguesas da década de 20. Houve outro, que mesmo de longe, gritou a esmo: -   Drácula! Filho do pele vermelha! Contudo, ninguém soube explicar, nem de onde veio e nem para onde foi. Talvez Vila Cruzeiro? Vila Vintém? Vila do Chaves? Não disse nada, nenhum gesto. Sumiu no céu pantone k: 85%. Choveu. Algo mudava.